quarta-feira, 15 de junho de 2016

Como ocorre a fecundação



Sabemos que para engravidar (gravidez natural) é necessário ovular, ter o óvulo fecundado, esperar que o embrião se implante no útero e voilà: ocorre a gravidez! Embora a ideia é simples, cada etapa dessa linda jornada tem suas particularidades e conhecer como funciona o passo-a-passo depois que ovularmos, ajudará a não ficar tão ansiosa quando alguém disser que ainda é cedo para fazer o teste de gravidez. 


Antes da fecundação há a ovulação



Tudo começa no ovário, que é uma massa em ebulição lenta e constante. Dentro dele formam-se os folículos dentro das quais amadurecem os chamados oócitos (oo = ovo; cito = célula), que ao se desenvolverem transformam-se em óvulos. Folículo e oócito crescem lentamente, o primeiro um pouco mais depressa. Quando alcança o dobro de seu volume primitivo, o oócito começa a apresentar uma membrana espessa e elástica, chamada zona pelúcida. O folículo que circunda o oócito cresce também e se aproxima da superfície do ovário, já então com o nome de folículo de Graaf. E o oócito dentro dele passa a chamar-se óvulo. Finalmente, como uma bolha pastosa, o folículo se rompe na superfície do ovário (mas não estoura) e libera o óvulo na cavidade abdominal (ovulação). O óvulo vagueia livre, circundado por material folicular que o acompanha e envolve como um chumaço: a coroa radiada, formada por uma aglomeração de pequeninas células).



Captação do óvulo pela trompa



Antes da liberação do óvulo, ocorre uma lenta aproximação mútua da trompa e do ovário. Ocorre uma tentativa de encurtar a distância entre os dois órgãos, deixando o trajeto ovário-trompa mais fácil de ser percorrido.

A trompa começa fazer movimentos, como ondas rítmicas que a percorrem toda, no sentido do útero. Mas o fator mais importante na captação e movimentação do óvulo provém dos movimentos ondulatórios dos cílios que forram o interior da trompa. Daí resulta a movimentação dos líquidos abdominais, numa corrente dirigida para a cavidade uterina. A trompa atua como um exaustor e tenta aspirar o óvulo, que não é dotado de movimento próprio. 

Apesar desse mecanismo, o óvulo de vez em quando se perde e fica vagueando pela cavidade abdominal, onde, em casos raros, pode ser fecundado. Além disso, sabe-se que se uma mulher for dotada apenas do ovário esquerdo e trompa da direita, ou vice-versa, o óvulo contornará misteriosamente o útero, para penetrar na trompa do lado oposto. Os ovários em geral produzem óvulos alternadamente, mas nem sempre. E se um dos ovários for extirpado, a mulher continuará a menstruar todo mês, porque o ovário remanescente assumirá as funções do outro.


Tempo em que pode ocorrer a fecundação



Para que haja uma possibilidade de gravidez o óvulo deve ser fecundado nas primeiras 24 horas após a ovulação. Se não for fecundado, entrará, rapidamente em deterioração e perderá as suas capacidades reprodutivas. Isso não quer dizer que só possamos engravidar durante 24 horas. Isto apenas significa que a fecundação só pode ocorrer durante esse período de tempo. 
Ocorre que, embora o óvulo tem uma "vida" curta no que toca a capacidade de gerar uma vida os espermatozoides tem um tempo de vida maior, permitindo que, caso a mulher tenha tido relação no período fértil, possa haver espermatozoides prontos para a fecundação no momento em que o óvulo for liberado. Em média, um espermatozoide sobrevive de 3 a 5 dias dentro do corpo da mulher, mas a taxa de sobrevivência de alguns espécimes poderá ir até 7 dias! (Descubra mais sobre o tempo de vida do espermatozoide!)

De acordo com evidências científicas, toda esta jornada de 12 cm requer aproximadamente de 30 a 40 minutos. De forma simples: se a ovulação ocorrer nas 24 horas anteriores ao final da jornada dos espermatozoides, o óvulo estará na trompa a aguardar e ainda poderá ser fertilizado. Se a ovulação ocorrer mais de 24 horas antes da ejaculação, o óvulo já terá começado a deteriorar-se e fragmentar-se, tornando impossível a fertilização. E por fim, se a ovulação ainda não ocorreu (até 2 ou 3 dias) após a relação sexual, o espermatozoide estará vivo, esperando encontrar com o óvulo e realizar a fertilização. 




Na corrida pela fecundação



Quando o homem ejacula, ele  libera no corpo da mulher, de 2 a 5 centímetros cúbicos de esperma. Cada centímetro cúbico contém aproximadamente de 100 a 200 milhões de espermatozoides, às vezes mais, e cada espermatozoide mede em torno de 2,7 milésimos de milímetro. Ejaculados na vagina, lago seminal e alguns diretamente no canal do colo do útero, dezenas ou centenas de milhões de espermatozoides procuram sair do inóspito meio ácido da vagina, em rápidos movimentos ondulatórios de sua longa cauda. 



É a maior competição de natação do mundo. À velocidade média de 2 a 3 milímetros por minuto, os espermatozoides nadam até o colo do útero, transpõem o canal cervical, penetram no útero, nadam pelos líquidos da parede uterina até a entrada da trompa e atravessam-na quase toda para interceptar o óvulo no terço externo do conduto, ou seja a região ampular, próxima do pavilhão da trompa. Todo o trajeto é feito em pouco mais de uma hora. Isso equivaleria ao esforço de um nadador que percorresse 1800 metros por minuto, numa extensão comparável à da travessia do Canal da Mancha. E de mergulho, porque os espermatozoides carregam consigo o próprio oxigênio. E mais: contra a corrente, na maior parte do trajeto.


Por que os espermatozoides correm para o óvulo?


Alguma vez já parou para pensar no motivo dos espermatozoides façam o caminho certinho da entrada do útero até o óvulo? Ocorre que o óvulo contém substâncias químicas que funcionam como um imã para os espermatozoides. Quando ovulamos, essas substâncias causam uma atração irresistível para os peixinhos, fazendo-os percorrerem todo o caminho nada fácil para chegar ao óvulo. Além disso, substâncias do sêmen estimulam as contrações da musculatura do útero, que juntamente com os movimentos dos flagelos, levam os espermatozoides até a tuba uterina.



Existirá apenas um campeão!



Milhares de espermatozoides morrem no caminho, uma vez que o ambiente vaginal é ácido e há células de defesa prontas para eliminar os "invasores", já que o sistema imunológico da mãe tem a função de destruir qualquer corpo estranho existente em seu organismo. No entanto, outros milhares de "sobreviventes" continuam juntos a lutar contra as barreiras para entrarem no óvulo.

Ao encostar nas camadas mais externas do óvulo, acontece uma reação no acrossomo dos espermatozoides liberando enzimas digestivas que ajudam a dispersar as células foliculares.

Após um árduo trabalho, apenas um espermatozoide penetra o óvulo (o processo de penetração leva cerca de 20 minutos) e neste exato momento, uma contra-ordem elétrica se produz na membrana situada por baixo da zona pelúcida, que se fecha, impedindo a entrada de qualquer outro. Quando o primeiro espermatozoide atingir a membrana vitelínica, mais interna, impedirá a entrada de outros.


Momento da fecundação



No momento da penetração, a cabeça do espermatozoide mergulha no óvulo. Mas a cauda, aquele precioso instrumento de locomoção, fica de fora. Já dentro do óvulo, a cabeça aumenta em quatro vezes seu tamanho original, abre-se e libera o núcleo que traz toda a bagagem genética do pai. Uma vez liberado, ele vai de encontro ao núcleo do óvulo, que possui a bagagem genética da mãe. No momento do encontro, os dois núcleos fundem-se e é produzido o amálgama cromossômico. A união dos conteúdos dos pronúcleos masculino e feminino é um processo chamado cariogamia. É nesse momento que é originado o zigoto, a primeira célula do novo ser.


Fertilização do óvulo


O óvulo deixa de ser o que era e passa a se chamar "ovo" ou "célula-ovo" e o núcleo do espermatozoide deixa de existir. 



Uma das coisas mais importantes que acontece durante a fusão dos núcleos é a definição do sexo deste novo ser. Tanto o núcleo do óvulo como o núcleo do espermatozoide carregam no seu interior 23 cromossomos, bastões microscópicos com todas as características biológicas. Da fusão dos dois núcleos resultam 46 cromossomos, dispostos em pares. Mas o último par é que irá definir o sexo do embrião: se for XX será uma menina; se for XY, um menino. O núcleo do óvulo é sempre portador de cromossomos X. Portanto, quem determina o sexo é o núcleo do espermatozoide: 50% dos espermatozoides carrega, em seu núcleo, um cromossomo X, os outros 50%, um Y. Assim, as chances de conceber uma menina ou um menino, são absolutamente iguais.

Devemos lembrar que os espermatozoides com carga XX (menina) são mais resistentes, enquanto os de carga XY (menino) são mais rápidos. Então, caso a relação tenha ocorrido dias antes da ovulação, é mais fácil que tenha espermatozoides que irão fecundar uma menina, já que são mais resistentes, enquanto que em relações mais próximas a ovulação, provavelmente será fecundado por um espermatozoide com carga masculina, que chegarão mais rápido ao óvulo.


Formação do embrião



A partir da formação do zigoto começa um processo de divisões celulares que originará muitas células. Essas segmentações ou clivagens do zigoto marcam o início do desenvolvimento embrionário. Quando chega a um estágio chamado blastocisto, o embrião poderá se implantar na parede uterina.
A primeira clivagem ocorrer cerca de 24 horas após a fertilização, portanto no 2º dia após as relações sexuais a partir daí, a cada doze ou quinze horas, ocorre uma nova divisão,  e o blastocisto é formado entre o 4º e o 7ºdia.


Formação de gêmeos



Eventualmente se a mulher liberar dois ovócitos ou mais durante a ovulação, e ambos forem fecundados, serão formados dois zigotos que originarão dois embriões com características diferentes. Se os embriões fizerem a nidação e se desenvolverem, nascerão gêmeos dizigóticos, também chamados fraternos ou bivitelinos.



Se um único zigoto durante as clivagens se separar e formar dois embriões, eles terão as mesmas características, sendo chamados gêmeos monozigóticos ou univitelinos. Dependendo do estágio em que ocorre a divisão do zigoto em dois embriões, eles poderão ter a própria placenta e bolsa amniótica ou compartilhá-la. Na maioria dos casos, esse processo ocorre entre o 4º e o 10º dias do desenvolvimento embrionário, de tal forma, que cada embrião tem seu cordão umbilical mas compartilham a mesma placenta e bolsa amniótica.


Fertilização in vitro


Quando existe qualquer dificuldade do casal em conceber, existe a possibilidade de fazer a fertilização artificialmente em laboratório, através de um processo chamado fertilização in vitro.

Na fertilização in vitro os óvulos são fertilizados fora do corpo da mulher e depois introduzidos dentro do útero para que ele possa se desenvolver. Entretanto, muitas vezes o óvulo fecundado não consegue se fixar na parede do endométrio e se desenvolver, por isso é comum que tenha que se repetir o processo. Conheça melhor o processo de fertilização in vitro nesse post!


Percurso até o útero


Enquanto ocorre essa divisão, o ovo caminha em direção ao útero guiado pelos cílios da trompa. Este tempo de percurso dentro da trompa é muito crítico, pois o novo ser, também está exposto aos ataques do sistema imunológico da mãe. Pesquisas revelam que um em cada três óvulos fecundados não evoluem para uma gravidez, isto é, ela não pega e o ovo é espontaneamente expulso durante as duas primeiras semanas, antes mesmo do atraso das regras. Inúmeras vezes isso passa despercebido para a mulher. A menstruação ocorre, podendo atrasar alguns dias e costuma ser mais abundante que o normal. Este abortamento natural poderia ser um mecanismo natural de defesa da nossa espécie, para impedir nascimentos de crianças prejudicadas por irregularidades na divisão celular, como por outros problemas com o ovo, também é conhecido como gravidez química. (Saiba mais a respeito de gravidez química!)


Nidação e Início da Gravidez


Se houver implantação ou nidação do blastocisto na parede do endométrio uterino, iniciará a gravidez, caso contrário ele será eliminado junto com a menstruação. A nidação pode ocorrer cerca de 1 semana após fecundação. Conheça mais detalhes da nidação!

Como podemos notar, a fecundação é um processo que não ocorre de um dia para o outro. Algumas mulheres ficam extremamente ansiosas quanto ao tempo para fazer o teste de gravidez. A verdade é que por não se saber exatamente o dia da ovulação (mesmo os testes de ovulação indicam que a mesma pode ocorrer de 24 a 48h após o positivo), a menos que se faça ultrassom, não se pode calcular com exatidão os dias que levarão para que todo o processo tenha fim e que consigamos ter o positivo. Assim, o melhor é mesmo esperar que se passe ao menos o dia esperado da menstruação para que não se tenha a tristeza de um falso negativo. Paciência é a primeira regra que toda pré-mãe deve aprender, ainda que seja muito mais difícil fazer do que falar. Até a próxima!

Leia também:

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Nidação: entendendo um pouco mais.

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