segunda-feira, 4 de julho de 2016

Como é produzido o leite materno


O leite materno é produzido devido à ação de hormônios que começam a agir no corpo da mulher ainda na gravidez, onde os seios vão sendo preparados para essa tarefa tão especial. É em função dos hormônios estrógeno e progesterona - liberados pelo estímulo do hCG e depois pela placenta -, que ocorre as transformações físicas como seios mais sensíveis, inchados e com mamilos mais escuros e aréolas maiores. Essa fase pode ser chamada de pré-produção do leite, já a produção do leite propriamente dito só tem início após o parto, quando outros hormônios, como a prolactina e a ocitocina, entram em cena.

Mudanças dos seios na gravidez


Logo após a confirmação da gravidez, e em alguns casos antes mesmo disso, a mulher poderá notar um escurecimento do bico dos seios. Especialistas acreditam que a mudança de cor do mamilo, possa ajudar na futura amamentação, já que seria uma forma de ajuda da mãe natureza na orientação do recém-nascido. 

Outra mudança que pode ser notada é o aparecimento de pequenas bolinhas ao redor da aréola do seio, também com papel vital na amamentação. Essas bolinhas produzem uma substância oleosa responsável por limpar, lubrificar e proteger o seio de infecções durante a amamentação.

O Lactogênio placentário, prolactina e gonadotrofina coriônica contribuem para a aceleração do crescimento mamário. A secreção de prolactina aumenta de 10 a 20 vezes na gravidez. No entanto, a prolactina é inibida pelo lactogênio placentário, não permitindo que a mama segregue leite durante a gravidez.

Olhando por dentro



As mamas são formadas por uma combinação de tecidos, glândulas mamárias e gordura (a quantidade de tecido adiposo difere de mulher para mulher, daí a enorme variedade de tamanhos e formatos de seios). 

Uma curiosidade é que os seios já estão se preparando para uma gravidez desde a época de embrião, com 6 semanas no útero da mãe. A criança já nasce com os principais ductos mamários formados. 

As glândulas mamárias ficam quietinhas até a puberdade, quando uma enxurrada do hormônio feminino estrogênio faz com que os seios cresçam e inchem. 

Sistema de amamentação



As glândulas mamárias trabalham a todo vapor durante a gestação. No momento em que o bebê nasce, o tecido glandular das mamas possuem o dobro de tamanho de antes da gravidez, explicando o motivo de muitas mães terem uma mudança radical no número do sutiã! 

Em meio às células adiposas e ao tecido glandular localiza-se uma rede de canais, chamados ductos. Os hormônios da gravidez fazem com que esses ductos aumentem de quantidade e tamanho e se dividam em canais menores perto da região peitoral. Na extremidade de cada um deles há uma aglomeração de pequenos sacos, semelhante a um cacho de uvas, conhecidos como alvéolos. 

Um conjunto de alvéolos forma um lóbulo, e uma reunião de lóbulos é um lobo. Cada seio contém de 15 a 20 lobos. 

O leite é produzido dentro dos alvéolos, os quais são rodeados por diminutos músculos que pressionam as glândulas e empurram o leite para os ductos. Os cerca de nove ductos lactíferos de cada seio são como canudos isolados que chegam à extremidade do mamilo, formando vários furinhos que levam o leite para a boca do bebê. 

O sistema de distribuição do leite fica completamente pronto já no segundo trimestre de gravidez, para que a mulher possa amamentar o bebê mesmo que ele seja prematuro. 

Produção de leite e prolactina


Cerca de 24 a 48 horas após a mãe dar a luz, começa a produção de leite em grande escala, período esse chamado de lactogênese. 

Após a retirada da placenta, os níveis dos hormônios estrogênio e progesterona começam a declinar. O hormônio prolactina, cuja quantidade vinha aumentando durante toda a gestação, é então liberado, para sinalizar ao corpo que é hora de produzir bastante leite. 

De acordo com pesquisas, a prolactina é também responsável por fazer com que a mãe tenha uma maior sensação da maternidade, sendo chamada por alguns especialistas de hormônio do instinto materno. Em geral, o leite demora mais para "descer" no primeiro filho. 

À medida que seu corpo se prepara para a lactação, ele libera mais sangue para a região dos alvéolos, deixando os seios firmes e cheios. Vasos sanguíneos meio inchados, combinados com a abundância de leite, podem deixar as mamas temporariamente doloridas, quentes e cheias demais, e provocar um ingurgitamento mamário, porém a própria amamentação ajudará a aliviar o desconforto inicial. 

A descida do colostro


Nos primeiros dias de aleitamento, o bebê será alimentado por uma substância viscosa, meio transparente e rica em proteínas conhecida como colostro. É possível que nas últimas semanas de gestação a mãe note o vazamento de gotas deste líquido esbranquiçado, e para algumas mulheres isso ocorre já no segundo trimestre. 

O colostro é um líquido muito importante para a saúde do bebê pois é cheio de anticorpos chamados de imunoglobulinas, fortificantes naturais para o sistema imunológico. O leite materno se transforma no decorrer da amamentação a fim de suprir todas as necessidades da criança. 

Os estímulos para amamentação


Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, a mama passa a produzir leite sob a ação da prolactina. A ocitocina age na contração das células mioepiteliais que envolvem os alvéolos, provocando a saída do leite. A prolactina e a ocitocina são reguladas por dois importantes reflexos maternos: o da produção do leite (prolactina) e o da ejeção do leite (ocitocina). Tais reflexos são ativados pela estimulação dos mamilos, sobretudo pela sucção. O reflexo de saída do leite também responde a estímulos condicionados, tais como visão, cheiro e choro da criança, e a factores de ordem emocional, tais como motivação, autoconfiança e tranquilidade.

Por outro lado, a dor, o desconforto, o stress, a ansiedade, o medo e a falta de autoconfiança podem inibir o reflexo da saída do leite, prejudicando a lactação.

Para que o bebê possa mamar, é preciso que o leite "desça" dos alvéolos. O processo funciona assim: o bebê suga o mamilo, o que estimula a hipófise a liberar os hormônios ocitocina e prolactina para a corrente sanguínea. Ao alcançar seu seio, a ocitocina provoca a contração dos pequenos músculos ao redor dos alvéolos cheios de leite. O líquido passa então para os ductos, que o transportam para os ductos que ficam pouco abaixo da aréola do seio. Ao sugar, o bebê faz com que o leite dos ductos chegue à sua boca. 

Para uma boa amamentação:

  • Roupas da mãe e do bebê adequadas, sem restringir movimentos.
  • Mãe confortavelmente posicionada, bem apoiada, não curvada.
  • Corpo do bebê todo voltado para a mãe, o apoio do bebê deve ser feito nos ombros e não na cabeça, que deve permanecer livre para inclinar-se para trás.
  • Braço inferior do bebê ao redor da cintura da mãe, corpo dobrado sobre ela, quadris firmes, pescoço levemente estendido.
  • Bebê ao mesmo nível da mama, sustentada por fralda se necessário, boca centrada em frente ao mamilo.
  • Comprimir a mama suavemente enquanto o bebê abocanha, entre polegar e indicador, atrás da auréola, não entre indicador e dedo médio.
  • Encorajar abertura grande da boca, língua bem abaixada, estimulando o lábio inferior com o mamilo; repetir até conseguir boa abertura da boca.
  • Levar o bebê ao peito, não o peito ao bebê; tórax com tórax.
  • O bebê deve abocanhar uma boa porção da mama além do mamilo.
  • Verificar se o queixo está bem de encontro à mama.
  • O bebê mantém a boca ampla colada na mama, lábios não apertados.
  • Lábios do bebê curvados para fora, não enrolados.
  • Língua do bebê sobre a gengiva inferior, algumas vezes visível. Verificar voltando-se suavemente o lábio inferior para baixo.
  • O bebê deve manter-se fixo sem escorregar ou largar o mamilo.
  • A mama não deve parecer esticada ou deformada.
  • Frequência rápida de sucção (>2 por segundo), caindo para cerca de 1 por segundo, pois o volume de leite por sucção aumenta após o reflexo da saída; pausas ocasionais; maior irregularidade no final da mamada.
  • Bochechas do bebê não se encovam a cada sucção; não deve haver ruídos da língua; a deglutição, entretanto, pode ser barulhenta.
  • Bebê mamando ativamente trabalha pesadamente; mandíbulas e frequentemente toda a cabeça se move; orelhas podem  mexer-se.
  • Logo depois que o bebê larga a mama, o mamilo parecerá alongado; o trauma é indicado por mamilo com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas.
  • Amamentação com posicionamento e pega bons não deverá doer.  

As fissuras de mamilo são muito comuns e bastante dolorosas, podendo culminar com a interrupção da amamentação. Para prevenir é importante garantir a técnica correta de amamentação, manter os mamilos sempre secos e se houver necessidade de interromper a mamada, introduzir o dedinho (limpo) na boca do recém-nascido. Evitar o ingurgitamento mamário (leite empedrado) por meio de mamadas frequentes e expressão manual (ou por bomba de sucção) das mamas, quando necessário.


Nos primeiros dias de amamentação, a mãe pode sentir alguma contração no abdome, na forma de cólicas, bem na hora em que o bebê estiver mamando. A sensação sinaliza a liberação da ocitocina, que ajuda o útero a voltar ao tamanho normal (esse mesmo hormônio provocou a contração do útero durante o trabalho de parto). 

Também pode ser que junto com a contração venha um fluxo vaginal mais intenso de sangue, necessitando que a mãe use um absorvente para fluxos intensos. 

A sensação de calma, satisfação e alegria ao amamentar é devido a ação da ocitocina, conhecida como o hormônio do amor! 

Com o aumento do fluxo de leite, é possível que a mãe também sinta formigamento, queimação ou ardor nos seios. É fundamental estar tranquila durante a amamentação para que o leite desça com facilidade. 

Dar de mamar é uma atividade física intensa, por mais que não pareça. É um esforço tremendo para o organismo produzir até 800 mililitros de leite por dia! Para se ter uma ideia, uma mulher amamentando gasta por dia cerca de 500 calorias a mais que uma mulher normal.

A maior parte do leite é produzido durante a mamada, sob o estímulo da prolactina. A secreção de leite aumenta em média de 50 ml no segundo dia pós-parto para 500 ml no quarto dia. O volume de leite produzido na lactação já estabelecida varia de acordo com a procura da criança.

E o que muitas mães não sabem, é que mesmo que não tenha passado por uma gestação, a mulher pode amamentar. No caso das mães que adotam, é possível estimular a produção de leite, bastando conversar com seu médico a respeito. A amamentação é um aprendizado que pode ser complicado no começo, mas, que pode ser aprimorado com muita paciência, carinho e amor. Até a próxima!





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