sexta-feira, 8 de abril de 2016

Gravidez Ectópica


Infelizmente nem sempre o positivo significa que o sonho de ter um bebê será realizado. É o caso quando ocorre uma gravidez ectópica. Esse tipo de gravidez pode não se desenvolver, mesmo em alguns casos, o corpo se encarrega de encerrar a gravidez, normalmente é necessário intervenção médica. Saiba identificar os sintomas e como agir em caso de suspeita.

O que é gravidez ectópica?


A palavra ectópico significa descolado de lugar ou posicionado fora do lugar correto. Dessa forma então definimos gravidez ectópica em uma gravidez que ocorre fora do lugar correto, ou seja, fora do útero.  

Gravidez ectópica na tuba uterina

Muitas pessoas afirmam que gravidez ectópica e gravidez tubária é a mesma coisa. Mas como vimos anteriormente, a gravidez ectópica é a gravidez que ocorre fora do útero, de forma que não necessariamente apenas nas trompas ou tubas uterinas. Assim, toda gravidez tubária é ectópica, mas nem toda gravidez ectópica ocorre nas trompas. Isso mesmo! Há casos de gravidezes que ocorreram na cavidade abdominal, por exemplo. Embora sejam casos raros, devemos fazer a distinção entre gravidez ectópica e gravidez tubária. 

Os tipos de gravidez ectópica variam entre tubário (98% dos casos), intersticiais ou cornuais (no corno esquerdo ou direito, pontas localizadas na parte de cima do útero), cervicais (no colo do útero), ovarianas e abdominais. 




A única gravidez ectópica com chances de gerar fetos vivos é a abdominal. Nesse tipo de gravidez, quando não há abortamento (normalmente até o 5º mês), boa parte dos nascituros possuem retardo mental, em função da oxigenação ineficiente.

Quais são os sintomas?



Na maioria dos casos, a gravidez ectópica apresenta os mesmos sintomas de uma gravidez tópica (no útero). Embora possa ser assintomática (sem sintomas), os sinais comuns são cansaço, náuseas e tonturas, mamas mais sensíveis, podendo haver ausência ou não do fluxo menstrual. Há casos em que não se desconfia de gravidez justamente por apresentar sangramento semelhante ao do ciclo menstrual, e como os demais sintomas de gravidez também podem indicar outros diagnósticos, a gravidez poderá demorar mais para ser identificada.


Pode-se desconfiar de gravidez ectópica quando os sintomas iniciais de gravidez vêm acompanhados de dor intensa de um lado da barriga e sangramento vaginal semelhante ao fluxo menstrual, que pode evoluir para dor mais intensa que afeta todo o abdômen, ou dor durante a relação sexual ou exame ginecológico, dor no pescoço, ombro e desmaio.


Quais são as causas?


Quando um óvulo é fecundado, o zigoto geralmente leva entre quatro e cinco dias para percorrer a trompa até o útero, onde se implanta e começa a se desenvolver. A maior parte dos casos de gravidez ectópica se dá pela obstrução na passagem da tuba uterina, que pode bloquear total ou parcialmente a passagem do óvulo, fazendo-o implantar-se na própria tuba. Outros fatores que podem retardar ou impedir a passagem do óvulo, incluem causas inflamatórias e suas conseqüências, os tumores ou anormalidades do desenvolvimento das trompas e as cirurgias sobre as trompas. Os hormônios, já que níveis elevados de estrógeno ou progesterona podem imobilizar a musculatura e os cílios da tuba, fazendo com que o ovo se desprenda no tempo errado e fecunde em local impróprio. Drogas hormonais como as indutoras da ovulação e a progesterona usada em mini-pílulas, a pílula do dia seguinte e o DIU contendo progesterona e também por causa do processo de envelhecimento da mulher. 



Quem corre mais riscos de gravidez ectópica?



Fatores que estão relacionados a maiores chances de desenvolvimento de gravidez ectópica incluem:

  • Gravidez ectópica anterior
  • Cirurgias nas trompas como laqueadura
  • Técnicas de reprodução assistida
  • Tabagismo
  • Processos inflamatórios ou infecciosos prévios como a inflamação nas trompas uterinas (salpingite) ou a infecção do útero, das tubas uterinas ou dos ovários (doença inflamatória pélvica), a exemplo de infecções ocasionadas por Gonorreia ou Clamídia.
  • Alterações estruturais ou anatômicas nas trompas ainda que sejam ocasionadas devido à procedimentos cirúrgicos (reversão de laqueadura por exemplo). 
  • Uso de DIU


Como diagnosticar?



Através de avaliação do histórico menstrual da paciente como alterações do último ciclo, atraso, modificações no fluxo, período fértil. 

O exame físico do abdômen é feito para determinar se está hipersensível à palpação. Também através do toque bimanual, onde percebe-se que o útero poderá estar discretamente aumentado ou normal. 

Exames complementares como dosagem de beta-HCG cerca de sete a dez dias após a ovulação. Na gravidez tópica, os níveis do hormônio tende a dobrar a cada 48 horas, caso essa elevação não ocorra, pode-se desconfiar de gravidez ectópica. 

Com o exame de Ultrassonografia (USG) para tentar localizar o concepto. Se ele não for encontrado, há anormalidade. Outros achados anormais à ultrassonografia incluem: massa anexial, líquido livre na cavidade peritoneal, saco gestacional com batimentos cardiofetais. 


Com o Doppler colorido transvaginal tem uma sensibilidade de 96% e uma especificidade de 93% no diagnóstico da gravidez ectópica. (indicando o melhor exame complementar para fechar o diagnóstico).

Em alguns casos, somente a laparoscopia possibilita o diagnóstico definitivo da gravidez abdominal, permitindo o diagnóstico de 90% dos casos. 

Qual o tratamento?


Por se tratar de uma gravidez inviável, infelizmente o tratamento é a interrupção da gravidez, na maioria dos casos. Quando diagnosticada precocemente, pode-se fazer uso de metotrexato injetável para evitar o crescimento das células e destruir as células já existentes do tecido ectópico. Após a aplicação da medicação, seu médico monitorizará a dosagem da gonadotrofina coriônica humana (hCG) de forma quantitativa. Caso a dosagem do hCG permaneça elevada, possivelmente deverá ser feita uma nova aplicação de metotrexato. Essa medicação é um antagonista do ácido fólico altamente tóxico a tecidos em rápida replicação. Deve ser utilizada em casos específicos (geralmente gestações ectópicas íntegras com diâmetros pequenos). 
Em outros casos, a gestação ectópica poderá ser tratada com a cirurgia laparoscópica. Nesse procedimento uma pequena incisão é feita na região abdominal, próximo à região umbilical. O médico introduz um pequeno instrumento contendo uma câmera e luz (laparoscópio) para visualizar a cavidade abdominal. Outros instrumentos podem ser inseridos na cavidade abdominal por meio desse pequeno instrumento ou por meio de outras pequenas incisões que podem ser realizadas nas regiões inguinais. O tecido ectópico é removido por meio de salpingectomia (retirada completa da tuba uterina) ou salpingostomia (retirada do tecido ectópico, mantendo a tuba uterina).

Caso a gestação ectópica apresente sangramento abdominal aumentado ou ruptura da tuba uterina (levando a quadros de instabilidade hemodinâmica), você deverá ser submetida a uma cirurgia de emergência por meio de incisão laparotômica. Nesses casos, raramente a trompa é mantida (opta-se nesses casos pela realização de salpingectomia).

Caso haja suspeita de gravidez ectópica é importante que um médico seja consultado o mais rápido possível. Quanto mais cedo é feito o diagnóstico melhor para a paciente. Quando o teste de gravidez, de urina ou de sangue, não apresenta evolução nos níveis de hCG, também é bom consultar o médico. No caso do teste de farmácia é possível observar se a linha de teste fica mais escura dias depois de primeiro teste positivo ou no caso de exame de sangue, pode-se optar por fazer o exame de Beta hCG quantitativo para comparar os valores detectados. Sempre que suspeitar de qualquer problema o melhor é sempre buscar ajuda especializada. Até a próxima!





Nenhum comentário:

Postar um comentário