segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Síndrome do Hiperestímulo Ovariano - SHO


Diversas são as técnicas utilizadas hoje em dia para ajudar a mulher que tem o sonho de engravidar. Normalmente essas técnicas são (e DEVEM SER) acompanhadas pelo médico e isso é fundamental para evitar problemas no futuro. Muitas vezes, a ansiedade de engravidar faz com que a mulher decida utilizar um remédio sem acompanhamento médico e isso traz sérios riscos não apenas a sua saúde mas também ao sonho do positivo. Dentre os remédios para engravidar mais utilizados sem conhecimento médico, os indutores de ovulação costumam ser os que mais se recorrem para apressar a gravidez. O que poucas mulheres sabem é que há um risco sério ao usar o indutor que é a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano (SHO, ou OHSS na sigla em inglês). Conheça mais a respeito dessa síndrome e também quais cuidados que se deve ter com o uso dos indutores de ovulação.


O que é a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano?


Para entender a síndrome, primeiro vamos entender um pouco sobre os indutores de ovulação. O indutor de ovulação é um medicamento que causa um estímulo maior nos ovários para que produzam mais folículos ovulatórios. Assim, há uma chance maior de que ocorra a ovulação e assim a gravidez. 

E como ocorre a SHO? O hiperestímulo é a resposta exagerada ao medicamento. Algumas mulheres têm uma "alta resposta" ao estímulo hormonal, produzindo mais do que 20 óvulos em um único ciclo. Esta resposta exagerada pode resultar em complicações, em alguns casos graves, caso medidas de segurança não sejam tomadas.


Quais os sintomas da SHO?


Os sintomas do hiperestímulo podem aparecer antes ou depois da ovulação propriamente dita, alguns são: 
  • Náuseas e vômitos
  • Dor abdominal muito forte
  • Vontade frequente de urinar
  • Sede acima do normal
  • Urina escura, em pequena quantidade
  • Diarreia
  • Prisão de ventre
  • Dificuldade para respirar
  • Pernas vermelhas ou inchadas
  • Ganho rápido de peso (mais de 1 kg em um dia)


Os ovarios aumentados por si só já podem trazer incômodos para a paciente, mas outras complicações como a formação de ascites (acúmulo de líquido dentro da cavidade abdominal) e diminuição da diurese (volume urinário) podem acontecer. Em casos mais graves (e felizmente mais raros) pode ocorrer acúmulo de líquido nos pulmões e trombose.


Quem corre mais risco de sofrer hiperestímulo?


Os médicos que cuidam de tratamentos de fertilidade costumam ir monitorando, através de ultrassons, a resposta de cada mulher à droga, para modificar a dose conforme a necessidade. Não há como prever se alguém sofrerá de hiperestímulo, nem como vai responder aos indutores, mas há alguns fatores que influenciam. Corre mais risco, a princípio, quem: 

  • Tem menos de 35 anos
  • Baixa Massa Corpórea
  • Sofre de síndrome dos ovários policísticos
  • Total de 15 ou mais folículos antrais, ou seja, a contagem dos folículos nos primeiros dias do ciclo, antes do início das medicações
  • Está usando a gonadotrofina menopáusica humana (hMG) para induzir a ovulação, especialmente se em conjunto com o hormônio hCG.
  • Altos níveis de hormônio antimülleriano
  • Já teve algum episódio de hiperestímulo


Pode acontecer com mulheres que não possuem este perfil quando altas doses de gonadotrofinas (FSH e LH) são dadas a paciente, fazendo com que esta tenha uma elevação dos níveis de estradiol,  um número elevado de folículos  e de óvulos capturados.


Classificação da SHO


A síndrome do hiperestímulo ovariano ocorre entre 0,6% - 10% nos ciclos de tratamento em fertilização in vitro sendo que a forma severa ocorre em 0,5 – 2% destes mesmos ciclos. Ela é classificada em leve, moderada e severa. Veja a imagem abaixo:



O perigo do hiperestímulo


Os casos graves de hiperestímulo ovariano podem colocar a vida da mulher em risco, embora casos de tamanha gravidade sejam raros. O abdome se enche de líquido (na chamada ascite), e às vezes até o peito e a membrana que envolve o coração são atingidos pelo líquido. 

Embora esteja com o corpo cheio de líquido, a mulher fica desidratada, e os órgãos como pulmões, rins e fígado param de funcionar direito. Também existe o risco de a circulação sanguínea ser prejudicada, com o perigo de formação de coágulos. 

Outro problema é os ovários ficarem danificados pelo inchaço, o que pode prejudicar a fertilidade futura. 


Como tratar o hiperestímulo ovariano?


Nos casos mais leves é recomendado repouso, ingestão oral de líquidos para hidratação com água de coco e isotônicos, reposição Salina (Gatorades), alimentação rica em proteínas (inclusive com uso de Whey Protein), analgésicos que auxiliam no controle da dor, bem como meias de compressão para ajudar na recuperação. A paciente deve se abster de relações sexuais para não ter risco de engravidar.

Nos casos graves, a hospitalização é necessária, até em UTI (unidade de tratamento intensivo), para administrar soro pela veia, monitorar o funcionamento dos órgãos e às vezes para drenar o líquido do abdome, procedimento que pode ter de ser repetido várias vezes. 

Não existe um medicamento que interrompa o acúmulo de líquido. O máximo que os médicos podem fazer é cuidar dos sintomas enquanto o efeito do medicamento causador vai diminuindo. 


Por que não se deve engravidar com hiperestímulo?


O risco de engravidar com um quadro de hiperestímulo ovariano tem relação com a SHO Tardia. Acontece que o hCG liberado na gravidez estimula as células da granulosa dos folículos ovarianos a liberarem o VEGF (vascular endothelial growth factor), que desencadea a síndrome. Ou seja, os efeitos serão ainda maiores, agravando o quadro de hiperestímulo.

Em função desses riscos, é importante que a prescrição desse tipo de medicamento seja sempre realizada pelo médico e a mulher deve ser monitorada durante o seu uso, com constantes ultrassonografia. Esses efeitos são maiores em mulheres com cistos ovarianos, doenças no fígado, problemas tireoidianos não tratados ou tumores na hipófise. No entanto, a paciente tendo ou não qualquer uma dessas patologias, se estiver em uso de um indutor de ovulação, tem que estar atenta aos efeitos secundários ou colaterais. Quando durante a monitorização se detectam indícios que podem levar a estas complicações o ciclo de tratamento deve ser interrompido.

Não vale a pena correr o risco de adiar mais ou mesmo de ter que desistir do sonho de engravidar por usar um medicamento sem a devida prescrição médica. Além disso, o que funciona para uma mulher, pode não ser bom para outra. Com saúde não se brinca! Até a próxima!

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