quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Bebê pode dormir junto com os pais?


Preparar o quarto do bebê com todos os detalhes e até com a poltrona de amamentação é o sonho de muitas mães. Outras preferem que o bebê compartilhe com elas a cama do casal. Aqui temos um ponto de grande discussão. Será que dormir com os pais atrapalha o desenvolvimento do bebê? Deixá-lo no próprio berço será mais adequado? É melhor dormir com o bebê junto (ajudando no cuidado e amamentação) ou deixar que ele fique no seu quarto separado? Vejamos algumas considerações:


Dormir junto sempre é perigoso?


Cuidado com esse tipo de questão. Depende muito do significado desse dormir junto... Dormir junto com o bebê no sofá, por exemplo, é perigoso pois ele pode sufocar nas almofadas, cair no chão ou mesmo o responsável pode sufocá-lo sem perceber. Então quando alguém diz que o bebê faleceu por dormir junto de alguém, tenha cuidado de saber que forma era esse "junto"! Um relato que não esclare esses fatos podem conduzir a uma conclusão equivocada. 


O sono e o risco de morte súbita


Entidades dedicadas ao estudo da morte súbita do lactente desaconselham a cama compartilhada, assim como a Academia Norte-Americana de Pediatria (AAP), citando riscos como o de sufocamento. 

A síndrome da morte súbita pode ser compreendida como o óbito de crianças entre 1 a 12 meses de vida sem causas esclarecidas após a autópsia completa. A incidência maior acontece com bebês entre 2 e 4 meses. Por esse motivo a recomendação é de a criança não durma junto com os pais. Novamente, aqui devemos ter cuidado com o termo JUNTO utilizado, já que dormir no mesmo quarto dos pais mas no berço separado também pode ser denominado de dormir junto com os pais, mas que não representa o mesmo risco para o bebê.


Criança deve crescer independente


Para aqueles que defendem que a criança deve ter seu próprio quarto, além da questão relacionada com a saúde do bebê, prevenindo a morte súbita, está a construção da independência e autonomia da criança além de manter a própria privacidade do casal, que, segundo eles, é afetada com a presença do filho no quarto. Outro argumento utilizado é que a criança precisa aprender a ficar sozinha construindo intimidade com seus brinquedos e com seu próprio ambiente. 

Esses argumentos são bem intecionados mas até que ponto esse tipo de argumento não está tentando apressar o desenvolvimento do bebê? Afinal, um bebê deve ter o direito de ser um bebê e não um mini adulto que já sabe o que quer da vida! 


Dormir sozinho cria independência?


Na realidade, crianças que dormem sozinhas tendem a ter dificuldades de ser independentes pois não se sentem seguras para explorar e conhecer o mundo. Como isso é possível? Para entender isso, basta pensar em um dia estressante. Quando se teve um dia difícil, você prefere tomar um vinho e desestressar sem a menor interação possível a fim de que o dia acabe ou prefere ir falar com pessoas que nunca viu na vida para compartilhar sua vida? A grande maioria prefere o isolamento ao convívio com novas pessoas em momentos de estresse. Da mesma forma, a criança passa por um momento de estresse na hora de dormir. A criança foi gerada em um ambiente barulhento (pelos sons do coração e dos órgãos da mãe) e esse é o ambiente em que ela se sentia segura. Num quarto separado, o ambiente é novo, em geral tranquilo e isso traz muita insegurança para o bebê. Esse estresse faz com que a criança produza mais cortisol (hormônio que dificulta o relaxamento) o que irá impedir um sono tranquilo. Um bebê estressado irá sentir-se mais retraído e com menos ânimo para explorar o mundo a sua volta. 


O outro lado da moeda


Bebês que dormem com os pais passam a sentir-se mais seguros pois sabem que terão apoio a qualquer momento. O contato com os pais promove mais ocitocina, hormônio relacionado ao bem estar. Assim a criança terá mais segurança fazendo com que seja mais fácil explorar melhor o ambiente em que vive. Como isso é possível? Devido ao conforto de ser socorrido em momentos estressantes como em caso do reflexo de Moro

Todos os recém-nascidos possuem o reflexo de moro, que o faz se assustarem e costuma ocorrer enquanto dormem. (Para aqueles que não têm mais um recém nascido, até os 3 meses de idade, enquanto dorme, os braços e pernas do seu bebê tremem como se ele estivesse caindo. Esse é o reflexo de moro). Se a sua criança estiver no colo de um adulto ou estiver por perto (como em um berço grudado à sua cama, com a grade lateral abaixada), é muito mais fácil controlar o reflexo e acalmá-lo antes que acorde e entre em pânico. Contudo, se você não estiver segurando o bebê, o reflexo de moro vai acordar seu bebê em pânico. O cortisol estará então circulando pela sua corrente sanguínea e vai demorar bem mais tempo até você conseguir acalmá-lo. Muitos pais passam por isso quando são acordados por um bebê que está gritando. Quando isso acontece, o que o bebê aprende a partir dessa experiência? Que o mundo não é um lugar seguro e que deve estar sempre alerta. Quando seus níveis de estresse estão constantemente altos, você aprende a estar mais vigilante para conseguir manter-se longe de perigos em potencial. Ao contrário dos bebês que são acalmados imediatamente pelos pais (já que estão por perto) que aprendem que o mundo é um lugar seguro!


Como dormir junto de forma segura?


Algumas medidas devem ser tomadas por quem deseja compartilhar as noites de sono com o bebê:

Berço separado - Para evitar a preocupação de sufocar a criança, o melhor é dá preferência ao berço separado da cama. Existe a opção de berço acoplado à cama ou ainda com a grade abaixada encostado à cama. Tome cuidado para que não fique um vão onde o bebê possa cair ou ficar preso. Além de permitir que o bebê fique bem perto, ainda traz mais tranquilidade aos pais por ter risco reduzido de sufocamento ocasionado pelos pais. 



Berço livre de bichinhos e decorações - Apesar de lindinhas, as decorações e protetores de berço na verdade trazem mais riscos ao bebê. Além de juntar poeira, eles trazem mais riscos de atrapalhar a respiração da criança. O mesmo acontece com excesso de roupinhas (Aprenda aqui: Como agasalhar o bebê?) e bichinhos de pelúcia. Não embrulhe o bebê com nenhuma manta. Os bracinhos dele precisam ficar livres para se movimentar, assim a mãe vai conseguir notá-lo melhor. Mesmo lençóis devem ser bem ajustados para que não se soltem em caso de puxados.

Barriga para cima - É a posição mais segura para o bebê. A criança respira melhor e tem menos risco de engasgo – caso vomite, ela vai girar a cabeça para o lado. De barriga para baixo, só quando ele estiver acordado para ajudar o desenvolvimento motor e muscular e a minimizar o risco de plagiocefalia – quando o crânio do bebê tem alguma deformidade pela pressão que sofre em apenas um dos lados. Mas sempre, sempre, sempre com um responsável ao lado dele!

Posição da cama - Em casos de cama compartilhada, ela deve ser posicionada contra a parede ou outro móvel para garantir maior segurança. Lembre de verificar também se não há nenhum vão por onde a criança possa cair ou ficar presa. Uma maneira barata de evitar que o bebê fique preso entre a cama e a parede é enfiar um travesseiro comprido nesse espaço, de modo que a superfície fique firme ao toque.


Considerações para cama compartilhada:


O bebê deve ficar entre a parede ou móvel e a mãe. Esta tem um instinto natural que garante que acorde mais rapidamente em casos de eventualidades onde o bebê precise de socorro. Caso a mãe não tenha essa sensibilidade ao dormir, o melhor é que a criança fique no berço separado.  

Embora o berço separado seja uma opção mais segura em comparação com a cama compartilhada, alguns pais podem preferir essa opção ao invés de adquirir um berço (seja por razões financeiras ou não!). Nesse caso, deve-se considerar alguns cuidados:

Sua cama deve ser absolutamente segura para seu bebê. Se possível prefira o colchão no chão, com a certeza de não existir nenhum vão onde seu bebê possa ficar preso. O colchão deve ser plano, firme (superfícies macias podem facilitar o sufocamento) e liso. 

Cama grande e confortável - Utilize um colchão bem grande para fornecer amplitude de espaço e conforto para todos.

Não durma com seu bebê se você tiver bebido álcool, se tiver usado qualquer droga ou medicação, se você em especial costuma dormir profundamente ou se está sofrendo privação de seu sono e acha difícil acordar-se.

Não durma com seu bebê se você for uma pessoa grande, uma vez que um pai acima do peso constitui-se em risco provado para o bebê, na situação da cama compartilhada. Ele pode rolar na direção da inclinação.

Nunca deixe seu bebê sozinho em uma cama de adulto a não ser que esta cama seja perfeitamente segura para ele, tal como um colchão firme no chão de um quarto à prova de criança, e somente quando você estiver por perto ou atenta, escutando o bebê através de um monitor (babá-eletrônica) confiável. 

Proteja ao redor da cama - Eventualidades podem acontecer e para isso o melhor é assegurar que há uma proteção ao redor da cama. Se o quarto tiver um piso muito rígido, coloque tapetes perto da cama para amortecer possíveis quedas.

Não fume! -  Algumas pesquisas comprovam que o risco de morte súbita aumenta em recém-nascidos que dormem junto com mães fumantes. Se você se encaixa na categoria, NÃO é recomendado dividir a cama com o seu filho.


Relacionamento do casal


Para alguns casais, a presença do bebê na cama torna mais difícil encontrar tempo para momentos de intimidade e sexo. Outros, porém, acreditam que isso os força a ser mais criativos na busca de soluções para ficarem sós. 

Se o seu filho dormir na sua cama, é bem provável que você precise planejar a hora de estar a sós com seu parceiro, em vez de esperar que ela aconteça espontaneamente. Dependendo da forma como você esteja se sentindo, isso pode ser um peso ou uma diversão. 

De qualquer maneira, a decisão de levar o bebê para dormir na cama ou no quarto dos pais precisa ser conjunta do casal, para que não haja risco de afetar a relação dos dois. Toda decisão feita com base no amor, respeito e entendimento mútuo só trará benefícios para toda a família! Até a próxima!

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