quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

A tireoide e a fertilidade


A tireoide é uma glândula que age nas funções de órgãos importantes como coração, cérebro, fígado e rins. Está localizada na parte anterior pescoço, logo abaixo da região conhecida como Pomo de Adão (ou popularmente, gogó). É uma das maiores glândulas do corpo humano e tem um peso aproximado de 15 a 25 gramas (no adulto). 

As mulheres com funcionamento deficiente ou excessivo dessa glândula, podem ter seus ciclos menstruais desregulados e em alguns casos, pode levar a infertilidade. 

Hipotireoidismo e Fertilidade


A tireoide fabrica dois hormônios a tiroxina (T4) e a tri-iodo-tironina (T3). A tiroxina é responsável por controlar o metabolismo. Quando os níveis de T4 caem (hipotireoidismo), o metabolismo fica mais lento. Um baixo nível de T4 pode comprometer também o ciclo menstrual, pois a possibilidade de ovular cai. 

Com relação a fertilidade, os hormônios que devemos considerar são a progesterona e o estrogênio. Sabemos que para que a ovulação ocorra normalmente, esses hormônios devem estar equilibrados, o que não ocorrerá se a tireoide não funcionar corretamente.

Muitas mulheres conhecem o funcionamento da progesterona durante uma gravidez e sabem como ela é importante para sua manutenção. O que poucas conhecem é a influência do estrogênio no ciclo menstrual. Ele é responsável pelo crescimento das células, no ciclo menstrual, ele irá favorecer o crescimento do endométrio. Contudo, para isso, ele faz com que as células do útero consumam mais oxigênio. Quando os níveis de estrogênio estão mais altos do que o necessário, ele faz com que as células consumam mais oxigênio, e para isso elas irão retirar o oxigênio que seria importante para auxiliar no desenvolvimento do óvulo, ou ainda na implantação do embrião. Sem oxigênio suficiente, o desenvolvimento do óvulo fica comprometido, e nos casos em que há a implantação, a gestação pode ser comprometida, levando a perda prematura. 

O estrogênio atua negativamente na tireoide pois suprime a liberação dos hormônios da tireoide, o que pode causar hipotireoidismo. Para quem tem hipotireoidismo, o fígado não consegue retirar o excesso de estrogênio do corpo, de forma que o mesmo continua a acumular-se, o que alimenta o hipotireoidismo. Assim temos um ciclo que não pára, onde o estrogênio causa a não liberação dos hormônios da tireoide (hipotireoidismo) e o hipotireoidismo não permite que o corpo elimine o excesso de estrogênio. 



Fontes externas de estrogênio


Como vimos, o estrogênio alto pode levar ao hipotireoidismo. Embora essa alteração pode ser causada pelo excesso de estrogênio, qualquer outro fator que leve ao hipotireoidismo elevará o nível de estrogênio, ou seja, embora o estrogênio possa não ser o que causou o hipotireoidismo, seu nível será mais alto por causa dessa alteração. Sabendo disso devemos então cuidar com as demais fontes que podem contribuir pela elevação de estrogênio no organismo, como os anticoncepcionais, pois pode levar um tempo até que seu corpo consiga equilibrar o nível de estrogênio após o fim do uso de pílulas anticoncepcionais. Tudo dependerá de quanto tempo ele conseguirá se liberar do excesso do hormônio, o que pode levar de 3 a 6 meses, embora há casos de mulheres que conseguiram uma recuperação dos níveis hormonais, engravidando em seguida a parada da pílula. Alguns alimentos também são ricos em fitoestrógenos (estrogênio natural), fazendo com que o nível desse hormônio seja elevado, prejudicando a fertilidade.

Hipertireoidismo e Fertilidade


No lado oposto das alterações do funcionamento da tireoide é quando a glândula produz muito hormônio T4 e T3. Com a glândula mais ativa, o metabolismo tende a ficar mais acelerado. 

Uma causa comum de hipertireoidismo é a Doença de Graves, uma doença autoimune que tende a ser adquirida de forma familiar e afeta a glândula tireoide inteira. Outra causa de uma tireoide hiperativa são os chamados nódulos quentes, que podem se formar sobre a glândula. Nesse caso, a maior parte da glândula continua a funcionar normalmente, mas o nódulo contém células que produzem muito do hormônio T4.

Independente da causa, bem como no caso do hipotireoidismo, o ciclo menstrual pode ser comprometido, dificultando a ovulação e nos casos em que ocorre a implantação do embrião, há riscos de perda gestacional. Por isso a necessidade de se fazer um pré-natal rigoroso especialmente o controle endócrino, pois muitas vezes é necessário o aumento da dose da droga que controla a tireoide para não colocar em risco a vida tanto da mãe quanto do bebê.

Sintomas da tireoide


O hipotireoidismo pode causar constipação, fluxo menstrual aumentado, ganho de peso, diminuição do apetite, letargia, depressão, problemas cognitivos, fadiga, pele seca e áspera, intolerância ao frio ou dores musculares, queda de cabelo, fala lenta e/ou voz rouca, mãos dormentes, palmas das mãos e solas dos pés alaranjados, além de confusão ou pensamento lento. 

Sinais de hipertireoidismo incluem evacuações mais frequentes, perda de peso, ciclos irregulares, aumento do apetite, insônia, nervosismo, intolerância ao calor, tremores nas mãos e palpitações cardíacas.

Diagnóstico e Tratamento


Para detectar alterações da tireoide, basta alguns exames de sangue e um ultrassom da mesma. Os exames são que medem os níveis dos hormônios da tireoide T4 (tiroxina) e TSH (hormônio estimulador da tireoide) e também os exames de anticorpos anti-tireoide. Altos níveis desses anticorpos são típicos de uma doença da tireoide chamada Tireoidite de Hashimoto, que pode resultar em hipotireoidismo. A Tireoidite de Hashimoto é classificada como uma doença autoimune, porque o corpo se volta contra si, formando anticorpos que atacam as células da tireoide e diminuem a produção de hormônio da mesma. A glândula em si pode compensar, tornando-se aumentada. A presença de anticorpos antirreceptor do TSH (TRAB) pode indicar uma doença autoimune chamada Doença de Graves (no caso de hipertireoidismo).

O tratamento do hipotireoidismo consiste na reposição oral do hormônio tiroxina (T4), uma vez ao dia, preferencialmente pela manhã e em jejum. A dosagem deve ser individualizada, sendo importante o controle periódico para que seja ajustada sempre que necessário. No hipertireoidismo, os tratamentos são projetados para diminuir a secreção de hormônios da tireoide. Isso pode ser feito com drogas antitireoidianas ou com iodo radioativo, que, essencialmente, mata parte da glândula para diminuir sua produção hormonal. Iodo radioativo não pode ser usado em mulheres que já estão grávidas e deve haver um período de pelo menos seis meses de espera após o tratamento antes de tentar engravidar.

Apesar da dificuldade que a alteração da tireoide pode causar para quem sonha com o positivo, é importante que o diagnóstico seja feito o mais breve possível e que siga o tratamento corretamente. Até a próxima!






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